quarta-feira, 30 de março de 2011

Por que as notícias são como são?


Quando paramos, ocasionalmente, numa banca de jornal e escolhemos nosso periódico para ler mais a respeito do que nos interessa, dificilmente atentaremos para o motivo que leva os boletins ao redor fervilharem manchetes sobre fatos semelhantes do nosso cotidiano. O que caracteriza um texto jornalístico é basicamente a capacidade de reter em poucas linhas um nível razoável de informações factuais. Supostamente, pretendem informar e não convencer. E para isso utiliza-se uma base para a exposição dessas informações: a notícia.

Entendemos notícia, nos veículos de comunicação, como o produto do processo jornalístico de seleção de pauta, apuração, entrevista, redação, edição e publicação de uma informação. Todo o processo informativo encaminhado para as redações jornalísticas procura oferecer ao público um fato novo ou desconhecido ou novos fatos sobre o mesmo acontecimento, organizado de maneira lógica e concisa.

Partindo da pré-história do jornalismo, tempos esses em que a imagem heróica do repórter não se fazia existente em nossas mentes e o que se entendia por jornalismo podia ser facilmente confundido com livros, podemos considerar, na atualidade, que as notícias acontecem e envelhecem de tweet a tweet e frequentemente elas mesmas tendem a romper seus conceitos engendrados e ganhar aspectos que a atualidade propõe. Da explosão do jornalismo político-partidário, das críticas à autocracia e a ditadura; da relação de promiscuidade assumida entre literatura e jornalismo à profissionalização dos escritores de notícias até o desaparecimento dos veículos tradicionais que imergiram para sempre na era digital: esse é o quadro pitoresco que a nossa História desenhou. Porém, estando baseado no conteúdo informativo de nossa sociedade, só poderia ganhar cor refletindo o que o espírito de cada época propunha.

No começo do século XX, a objetividade do noticiário é afetada pelo aparecimento do lead no Brasil, uma regra que mudaria os moldes de se fazer notícia por aqui. Nelson Rodrigues, jornalista e escritor da época, praticamente entra em pânico quando se depara com aquele cenário, visto que o lead traz a figura do copydesk às redações jornalísticas, que inicialmente anularia todas as emoções e floreios literários que permeavam os jornais da época.

Esse exemplo é exposto basicamente para denotar que jornalismo tanto no nosso país quanto no mundo encontrou duas vias diferentes: a literatura e a informação. Para evitar a falácia de dizer que apenas isso basta para compreendermos os motivos que levam as notícias serem como são e que toda História do Jornalismo estaria baseada nessas duas vertentes, deve-se, antes de tudo, crer que o espírito de cada época, suas necessidades tecnológicas e intelectuais predispõem a mutação do gênero. Caso contrário, teríamos sido fadados a meras recordações de um folheto ácido e de vida efêmera.

Pressuposto isso, podemos confirmar a hipótese inicial de que as notícias são um produto do nosso cotidiano, porém não funcionam como uma ciência exata, em que a soma de informação + repórter + edição = notícia perfeita. Seria presunçoso pensar na perfeição, como ocorre na matemática, destas linhas publicadas diariamente e instantaneamente no circuito on-line. Além de levemente capciosas, elas condizem com a realidade e o espírito de época de cada lugar em que se manifestam.

1 comentário:

Nina Pilar disse...

muito interessante o teu blog amigo, prós que estudam jornalismo e pra pessoas como eu, que nem sabem nem como é uma redação.

beijinhos

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